quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

Sheldon Brown (1944-2008)

Foto clássica do mestre -- com barba e a famosa águia (de plástico) presa ao capacete (foto: Sheldon Brown)

Há dois anos morria Sheldon Brown, vítima de um ataque cardíaco. Um verdadeiro guru para todos os assuntos relacionados à bicicletas, a notícia de sua morte espalhou-se muito rapidamente pela internet, especialmente pelos blogs e foruns.

Sinceramente não me lembro de quando soube desse fato triste. Provavelmente li a respeito no Cyclingnews, que noticiou o fato alguns dias depois. Da mesma forma, não me lembro de quando tive contato pela primeira vez com a verdadeira enciclopédia virtual que é o site que ele manteve desde 1995. Vagamente me lembro de conversas a respeito com um antigo companheiro de pedaladas, Odir. Provavelmente foi por ele que soube de Sheldon Brown. Ou o descobrimos mais ou menos ao mesmo tempo, por volta de 2001.

Pessoalmente, penso que Sheldon Brown representa a essência do ciclismo. Não o esporte ciclismo. Raramente, ao pensar em Sheldon Brown, o associo a qualquer modalidade competitiva. Creio que ele representa a definição de ciclismo como o uso da bicicleta em geral, seja como meio de transporte, lazer ou esporte não-competitivo. E esse é o ciclismo que está ao alcançe de (quase) todos. Qualquer um que não tenha restrições motoras severas pode, se quiser, iniciar e se beneficiar dessa prática.

O próprio Sheldon Brown desde 2005 sofreu com os sintomas da esclerose múltipla, doença que o impediu de pedalar... bicicletas. Impossibilitado de manter o equilíbrio sobre duas rodas, Sheldon passou a utilizar exclusivamente seu triciclo reclinado, mostrando força de vontade que dispensa comentários.

Para qualquer mortal seria bastante inusitado ter e usar com frequência uma reclinada, com duas ou três rodas. Mas, não fosse a questão de sua doença e a limitação de uso de bicicletas comuns, o triciclo reclinado pouco se destacaria dentre a coleção de bicicletas pouco convencionais de Sheldon Brown. Coleção que inclui uma bicicleta de quadro construído por ele mesmo, que pode ser vista aqui em sua configuração original e aqui com uma das adaptações que caracterizavam suas bicicletas muito customizadas.

Apesar da perda, seu espírito certamente vive. Podemos ainda ter acesso à sua obra que, como sinal de novos tempos, não é física -- sempre esteve disponível, gratuitamente, na internet. Até esta data, todo o conteúdo está sendo mantido no ar.

Não há como mensurar nem descrever o quanto de preciosa informação há em seu site. Quem ainda não o conhece deve decididamente investir algumas horas aprendendo com o mestre.