
Se os ciclistas são os peões, quem está no comando?
(imagem: Cyclingfans)
É antiga a analogia feita entre ciclismo e o jogo de xadrez. Originalmente, esta comparação nos lembra de que, durante uma prova, além da capacidade física é exigida do corredor também a capacidade de raciocinar estrategicamente e reagir rapidamente às situações que surgem na estrada. Para quem acompanha algumas provas clássicas, e principalmente os
Grand Tours, fica evidente que para vencer não basta apenas ser capaz de ir do ponto A até o ponto B no menor tempo.
Mas agora essa comparação está sendo interpretada de outras formas. Muito tem sido discutida a política do esporte e o papel dos atletas em decisões importantes -- os ciclistas seriam
meros peões de um jogo decidido em outras instâncias. Isto leva a manifestações
como a que vimos no Giro d'Italia deste ano.
A questão dos rádios é também campo para essa discussão. Curiosamente, segundo pesquisa feita pela
Associação dos Ciclistas Profisionais, os ciclistas são
em maioria favoráveis ao uso dos rádios -- sendo que o pricipal argumento é de que os rádios tornam os atletas meros cumpridores de ordens de seus respectivos diretores esportivos.
Este artigo do Cyclingnews discute bastante o assunto dos rádios. Quem tiver paciência de lê-lo por completo verá que diferença os rádios efetivamente fazem (ou podem fazer) no resultado das provas.
Em fato mais recente, pode se especular qual teria sido o
resultado da 14a. etapa do Tour de France deste ano sem rádios. Nesta etapa, a fuga que colocaria George Hincapie como líder da prova foi perseguida pelo pelotão, liderado pela equipe Garmim-Slipstream.
Por meros 5 segundos ele foi privado desta honra, o que colocou em discussão a intenção da equipe Garmim em puxar o pelotão já que não seeia possível alcançar os escapados e ninguém dessa equipe tinha interesses diretos naquele momento.